quinta-feira, 20 de novembro de 2008

007-Quantum of Solace





Em 2006 a franquia do agente secreto 007 sofreu uma reviravolta:Cassino Royale,o vigésimo primeiro filme da série apresentava um Bond brutal,sem a menor sofisticação dos antecessores Sean Connery,Roger Moore ou Pierce Brosnan. A nova aventura ainda tirava de cena as bugigangas tecnológicas e o ar fantasioso que pareciam estar tomando conta dos longas do espião britânico,além de ser protagonizada por Daniel Craig,um bom ator,mas de traços duros e físico de pugilista,numa combinação que nem de longe passava perto da elegância,suavidade e charme exibidos pelos atores que o precederam no papel.


A despeito de tais mudanças terem provocado a ira dos fãs mais ardorosos do personagem, Cassino Royale foi um sucesso estrondoso justamente por exibir um Bond bastante diferente do que o público estava habituado a ver. Claro que aproveitar elementos de outra série de espionagem de sucesso - a trilogia Bourne - só contribuiu para o êxito do 007 do novo milênio.


O que nos leva a Quantum of Solace, o vigésimo segundo longa-metragem do espião do MI-6. Passada imediatamente após os eventos ocorridos em Cassino Royale(fato incomum na série,cujos filmes podem ser vistos de forma independente),a trama se inicia com com Bond e M(Judi Dench) interrogando Mr.White(Jesper Christensen),personagem do capítulo anterior a fim de buscar mais informações sobre a organização criminosa responsável pela morte de Vesper Lynd(Eva Green,também do filme anterior). O que se descobre é que a organização,denominada Quantum é maior do que se imagina e que a mesma esconde agentes duplos infiltrados tanto na CIA como no próprio MI-6 e também pretende apoiar um golpe de estado na Bolívia,levando um ex-ditador de volta ao poder,em troca de receber uma grande parte do deserto boliviano para ser explorado com fins escusos.


Contando com uma trama fraca e confusa,o filme peca ainda pela condução desenxabida do cineasta alemão Marc Forster,um diretor apenas mediano de obras tão distintas como Em Busca da Terra do Nunca,A Passagem,Mais Estranho que A Ficção e O Caçador de Pipas. Aqui,ele comanda o filme copiando descaradamente cenas de O Ultimato Bourne,embora nesse caso em particular, também seja importante debitar parte da culpa na conta do diretor da segunda unidade,Dan Bradley, que não por coincidência também ocupou a mesma função em Bourne.



De positivo ainda temos Daniel Craig,que mais uma vez oferece um bom desempenho,apesar de seus esforços serem volta e meia boicotados pela insistência do roteiro em repisar nos cansativos clichês de superação emocional,com direito a frases de efeito do tipo "você precisa perdoar a si mesmo".E enquanto Judi Dench mais uma vez confere a M o apropriado ar de autoridade, o francês Mathieu Almaric(do belo O Escafandro e A Borboleta)decepciona como um dos piores vilões da história de Bond, ao passo que Olga Kurylenko,apesar de linda - atributo essencial às mulheres dos filmes de 007 - ,se revela uma Bondgirl insossa por conta da jornada-clichê de sua personagem(ela busca vingança pela família assassinada...bem original,né?)

Tendo como clímax uma batidíssima sequência de explosões, Quantum of Solace acaba oferecendo mais erros do que acertos, resultando numa experiência frustrante tanto para os fãs mais fiéis do Bond clássico como para aqueles que abraçaram o novo conceito do personagem. Uma pena.

-Quantum of Solace,EUA/Reino Unido,2008

-Direção: Marc Forster

-Roteiro: Neal Purvis,Robert Wade e Paul Haggis

-Com:Daniel Craig, Olga Kurylenko, Mathieu Almaric, Giancarlo Giannini, Jeffrey Wright, Gemma Arterton, Jesper Christensen e Judi Dench.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Sexta-Feira 13


Norman Bates, do clássico Psicose , serviu de inspiração para vários filmes protagonizados por assassinos psicopatas obcecados pela figura materna, mas nenhum deles deixou uma marca tão forte no cinema de terror e na cultura pop como Jason Voorhees , da franquia Sexta - Feira 13. Jason provavelmente também pode exibir a alcunha de assassino mais difícil de morrer do cinema: o sujeito já sobreviveu a golpes de facão, machadadas, já foi eletrocutado, baleado e atropelado...para sempre ressurgir em novos filmes de qualidade na maioria das vezes duvidosa. Tudo com a nobre missão de trucidar adolescentes chatos, metidos a engraçadinhos e promíscuos.


O curioso é que neste primeiro exemplar da série( que só tive oportunidade de ver recentemente) o responsável pelos assassinatos nem é Jason, mas sim a sua querida mamãe(longe de ser um spoiler tal afirmação, afinal de contas, quem não conhece a série? ), uma senhora louca de pedra que jamais perdoou os monitores de uma colônia de férias situada no acampamento Crystal Lake de terem deixado o seu filhinho morrer afogado, no ano de 1957. Um ano após a morte do garoto, o casal de monitores - que ao invés de vigiar o pobre Jason estava transando - é assassinado( adivinhem por quem...) e o acampamento é fechado. Duas décadas mais tarde, Crystal Lake é reaberto e um grupo de jovens cabeças - ocas vão trabalhar como monitores na reinauguração. Ou seja, mais gente para ser retalhada pela adorável Pamela Voorhees.




O que se segue é o festival de mortes do gênero, sempre seguindo a lógica dos filmes de terror: a mocinha pura e casta (que sequer troca um beijo com seu flerte) sobrevive, enquanto seus amigos promíscuos são mortos um a um; há uma espécie de profeta louco que avisa aos jovens dos perigos que rondam Crystal Lake; os personagens são de uma burrice extrema, sempre dispostos a transar em locais ermos, tropeçar no meio de uma corrida pra salvar a própria pele e a entrar em locais escuros e pouco recomendáveis.


Mas acompanhar a tudo isso não deixa de ser extremamente divertido, até porque este primeiro filme da série ainda exibia certa coerência narrativa, ao contrário do que viria a ocorrer nas continuações. Temos a mamãe Voorhees matando sem piedade os adolescentes burros? Sim, mas o número de mortes aqui é relativamente baixo: "apenas"10 assassinatos(a efeito de comparação, Jason X, provavelmente o pior da franquia exibe tanta gente esquartejada que perdi a conta de quantos provaram do facão de Jason).De quebra,a velhota psicótica ainda sai no braço com a mocinha da história, a loirinha Alice, numa sequência ao melhor estilo "briga de novela", com direito a tabefes e puxões de cabelo. Trash total.


O resultado final, apesar de tosco e risível para os padrões de hoje, está acima da média, principalmente se formos comparar com o que viria a seguir:Jason, o filhinho da mamãe,meio que se tornaria um aloprado indestrutível, em continuações que variavam entre o guilty pleasure inocente ao lixo total. Bom,mas até o lixo pode ser rentável em Hollywood, prova disso é que Sexta -Feira 13 vai ganhar um remake, com estréia marcada para 2009. E pensar que o filme original nem foi concebido como uma sequência...



O dvd traz um making of bem bacana, com entrevistas com o diretor Sean Cunningham, o roteirista Victor Miller e as atrizes Betsy Palmer e Adrienne King, ambas esbanjando simpatia e contando histórias bastante curiosas sobre o filme.A veterana Betsy conta no melhor estilo despachado que aceitou fazer o papel da Sra. Voorhees porque queria comprar um carro novo, ao passo que Adrienne revela um bizarro caso de como " a vida imita a arte":durante dois anos ela chegou a ser perseguida por um fã obsessivo.



Friday The 13 th, EUA , 1980


Direção: Sean S. Cunningham

Roteiro:Victor Miller

Com: Adrienne King, Betsy Palmer, Harry Crosby, Kevin Bacon, Laurie Bartram, Jeannine Taylor, Mark Nelson e Robbi Morgan.